Lições de Philip Fisher

Lucas Calixto
4 min readFeb 7, 2021

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Da última vez escrevi sobre o método usado por Fisher em sua avaliação qualitativa de empresas, como descrito em seu livro Common Stocks and Uncommon Profits (“Ações comuns, lucros extraordinários” na versão em português), mas esse clássico dos investimentos se estende a muito mais do que isso.

Como escrito em suas páginas iniciais, este livro é destinado a todos os investidores, sem distinção de tamanho, que não aderem à filosofia de “já tomei minha decisão, não me confunda com os fatos”. A partir disso, Fisher expõe sua visão em diversos tópicos que povoam a mente do investidor durante sua tomada de decisão, alguns dos quais listarei aqui.

Quando comprar e vender

É natural que empresas promissoras sejam negociadas com um prêmio em seus múltiplos, afinal o mercado percebe seu potencial frente aos concorrentes e embute uma expectativa de crescimento do lucro. Ainda assim, Fisher ressalta, haverão momentos em que o mercado estará menos favorável em relação a essas empresas, seja por condições gerais como um bear market ou por incertezas sobre o futuro da companhia — por exemplo, quando um novo produto é lançado ou uma nova fábrica é posta em funcionamento.

As razões para venda, por outro lado, são mais objetivas:

  • Caso tenha cometido um erro. Após fazer o investimento e acompanhar a empresa por algum tempo, podemos perceber que não é o que esperávamos inicialmente — nesse momento, é melhor ser honesto consigo mesmo, vender e buscar lembrar como aprendizado;
  • Caso a empresa perca seus fundamentos e torne-se incompatível com o método de análise;
  • Caso a empresa tenha atingido um estágio de maturação e espera-se que seu crescimento seja apenas em linha com o setor em que atua — isso, é claro, se você está em busca somente de ações de crescimento.

Dividendos são superestimados

Um dos fatores mais atrativos no recebimento de dividendos é a capacidade de criação de renda passiva, seja para reinvestir ou cobrir os custos de vida. No entanto, Fisher lembra que é preciso estar atento ao payout — razão entre o valor do dividendo distribuído e o lucro líquido — e à constância dos dividendos, pois é indicativo do planejamento da empresa.

Em suma, os gestores possuem duas opções de alocação dos lucros auferidos: retê-los para reinvestir na companhia, buscando expansão do negócio, ou distribuí-los em forma de dividendos aos acionistas. Com isso, uma empresa focada em crescimento irá distribuir dividendos apenas quando a) já houver capital disponível para custear o plano de expansão e b) for viável manter o payout nos próximos anos.

Dessa forma, empresas que optam pelo reinvestimento, acoplado a uma boa gestão, tendem a alcançar maior crescimento no longo prazo pois investem em expansão geográfica, pesquisa e desenvolvimento, métodos para corte de gastos, propaganda, etc. como requisitado pelo método de investimentos de Fisher.

Diversificação

Ter uma carteira diversificada é importante, principalmente para reduzir o risco específico de uma empresa ou de um setor, mas é preciso ter profundo entendimento do negócio e acompanhá-lo com o passar dos anos, o que se torna muito difícil no caso de uma extensa lista de ações.

Dessa forma, a verdadeira diversificação decorre de possuir participação em empresas cujo investidor compreende o funcionamento — para Fisher, uma quantidade adequada seria entre 10 e 12 ações — , que atuem em diferentes setores, busquem atingir diferentes consumidores — ou mesmo companhias que possuam linhas de produtos com esse mesmo objetivo.

Screening

Mas, em um universo de centenas empresas listadas na bolsa, como é possível aplicar um método de avaliação tão extenso? A resposta de Fisher é realizar uma triagem a partir dos indicadores de rentabilidade e eficiência, calculados a partir dos dados disponíveis na DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) e no Balanço Patrimonial da empresa, para então aplicar o método scuttlebut — o que deverá resultar em uma quantidade baixa de empresas — e selecionar as ações que merecem seu investimento.

Essas e outras ideias são tratadas em maior profundidade no livro, que não à toa se tornou um clássico dos investimentos.

O método de Philip Fisher resistiu ao teste do tempo e é referência até hoje, e por isso acredito ser não só uma leitura indispensável, como também um bom começo para a criação do seu método pessoal de investimentos.

Para mais textos como esse, veja minha página! Em breve volto com as ideias de mais livros, até lá!

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Lucas Calixto
Lucas Calixto

Written by Lucas Calixto

Estudante de engenharia, também tenho grande interesse por investimentos. O intuito desses textos é compartilhar um pouco do que aprendi, espero que ajude.

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